1 de set. de 2013

YES - "Cruise To The Edge" - 2013

A resenha anterior a esta, também com o Yes, era o motivo que eu precisava para fazer um link do passado com o tenebroso presente que ronda uma das bandas mais queridas do universo progressivo, basta escutar o bootleg que foi postado e diversos questionamentos vão surgir naturalmente.

A impressão que dá, é que todo artista ou banda que passa a realizar seus shows em navios está chegando perto do fim, vide Roberto Carlos, Roupa Nova e Cia.... aqui no Brasil e agora, pasmem, chegou a vez do Yes, com o seu, “CRUISE OF THE EDGE”, que numa tradução bem tosca e mal intencionada, poderia ficar assim: “Cruzeiro para o abismo”, entretanto, considero mais apropriado e produtivo, tentar encontrar algumas respostas nesta iniciativa.

Não só o Yes, mas outras bandas e nomes importantes da música, como Carl Palmer, Tangerine Dream, Saga, Ambrosia, Nektar, Zebra, Glass Hammer e outros, embarcaram no MSC Poesia, em março deste ano e navegaram entre Georgetown, Grand Cayman, Ocho Rios e Jamaica, apresentando seus shows de rock, ao invés dos tradicionais shows da Broadway que acontecem sempre após o jantar.


A rigor, nada contra esta iniciativa e confesso que se pudesse, gostaria muito de estar lá para assistir todas essas bandas que eu adoro, mas a questão principal é o atual estado do Yes, pois por mais que os músicos se esforcem em fazer o melhor, tanto os originais, quanto as pseudo clones, substitutos de Rick Wakeman e Jon Anderson, fica claro e evidente que a música do Yes sem a magia que lhe é peculiar, não funciona, e com isto, Steve Howe, Alan White e Chris Squire perdem o brilho, a força e até a paixão que tem por sua própria música, pois não há a química necessária para a música ganhar corpo, abrir as asas e decolar para uma viagem.

Benoit David
Que fique muito claro que tanto Geoff Downes como Jon Davison, coitados, não são culpados de absolutamente nada de ruim que possa estar acontecendo com a imagem da banda, alias, são vitimas de uma situação criada pelos membros remanescentes em continuar insistindo em um projeto que não tem lastro e nem sustentação, pois não tem mais alma (Jon Anderson) e perderam sua espinha dorsal (Rick Wakeman), portanto, o que se escuta e para alguns poucos privilegiados, o que se vê, nem de longe se parece com o que foi o Yes e o que ele realmente representa.

Esses dois aí em cima não são as únicas vítimas, pois Benoit David que até fez parte do último álbum de estúdio, “Fly From Here”, foi consumido pela entidade “Yes”, que está acima de qualquer um e é implacável, praticamente acabou com sua bela voz, que foi forçada ao extremo para chegar até onde Jon Anderson naturalmente chegava.

MSC Poesia
Escutando esta gravação, logicamente as músicas não são mal executadas e nem poderia ser diferente, entretanto, elas são executadas burocraticamente para cumprir tabela, digo, partitura, portanto, não tem vida, não tem vibração, não reverberam e consequentemente não empolgam nem quem está escutando uma dessas músicas pela primeira vez, então, para quem acompanha a banda desde seu início, é muito triste o que se escuta.

O objetivo desta resenha não é desmerecer o trabalho ou qualquer músico envolvido neste atual projeto do Yes, pois todos sem exceção são merecedores de todo o nosso carinho e respeito, pois são grandes músicos que ao longo de suas carreiras contribuíram de forma marcante e incontestável, portanto contra fatos, não há argumerntos. 

Entretanto, o objetivo é o de se levantar a questão de quando é a hora de parar com dignidade ou mesmo mudar radicalmente o rumo dos acontecimentos, criando novos conceitos e em decorrência disso, gerar uma nova música, mais atraente e sem o peso de um passado glorioso que realmente cobra um alto tributo por conta disto.

Um ponto importante e que não podemos nos esquecer de que o tempo não para, e em algum momento o peso da idade também cobra seus tributos, então, só por exemplo, aquela mão super ágil dos anos setenta, não responde mais na velocidade que o cérebro exige e para a música do Yes, isto pode causar algum embaraço e desconforto momentâneo que pode botar tudo a perder.

Além disso, tocar incansavelmente as mesmas músicas a pelo menos umas quatro décadas, exige uma disciplina e dose de paciência muito grande e associada a rotina, essa situação pode tornar as coisas um tanto mecânicas e perigosas para uma música tão exigente que é escutada por pessoas não menos exigentes. Pensemos nisto!!!

ALTAMENTE RECOMENDADO!!!!

YES:
Steve Howe: Guitar, vocals
Chris Squire: Bass, harmonica, vocals
Alan White: Drums
Geoff Downes: Keyboards
Jon Davison: Lead vocals

Tracks:
01 Firebird Suite
02 Close To The Edge
03 And You And I
04 Siberian Khatru
05 Yours Is No Disgrace
06 Clap
07 Starship Trooper
08 I've Seen All Good People
09 A Venture
10 Perpetual Change/Roundabout


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4 comentários:

  1. Tocar em cruzeiro não é estar perto do fim.
    Perto do fim é tocar em casinos.

    Tocar em navios é um fim do fim. Vão se apresentar prum monte de velhos bêbados que tão ali atrás de coisas melhores, como mulheres, por exemplo.

    Será que é por isso que o Jon Anderson não "embarcou" nessa última formação?

    E tudo isso porque os caras não se conformam que o tempo passou e envelheceram (não só cronologicamente, como musicalmente). Poderiam viver exclusivamente do que produziram, mas não, tem sempre que achar que alguém tem que pagar a conta do whisky.

    Podem falar o que quiserem, mas entrar num navio furado destes é o suprasumo da decadência.

    Abração

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  2. Fala Gustavo e Celso... Saudações e saudades ao Buteco. Realmente, ver este post do Yes me deixou meio mal e procurando entender. Comparando aos seus contemporâneos Deep Purple, Black Sabbath, o quadro fica pior. Como dizia Roberto Freire: Sem tesão não há solução...

    Estou preparando um post do Yes para relembrar e saudar o YES SONGS.

    Gustavo, um grande e saudoso abraço

    Valvulado e Javanes

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  3. Celso, Valvulado e Javanes...

    Não foi fácil postar este álbum, tamanha a tristeza que se abateu sobre mim, quando escutei-o pela primeira vez.....

    É uma música sem vida e sem alma, apenas um som......

    Como bem disse o Celso, "é um fim do fim".......

    Java, bela iniciativa em relembra o Yessongs..... vou ficar na boca de espera.....

    Um forte abraço a todos....

    Gustavo

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  4. Yes, ontem a glória, hoje, um dinossauro desajeitado , inconveniente, digno mesmo de dó.


    Sofremos muito com o pouco que nos falta e gozamos pouco o muito que temos.
    William Shakespeare

    Bill Omelete

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