10 de set. de 2013

MUSEO ROSENBACH - “Zarathustra Live In Studio” & " “Barbarica” - 2012/2013

Quarenta anos depois do lançamento de seu primeiro álbum, o não menos legendário e emblemático, “Zarathustra”, o Museo Rosenbach volta aos estúdios e à cena progressiva,  lançando sua mais nova obra, “Barbarica”,  fato acontecido em março de 2013, remontando a atmosfera progressiva dos anos setenta.

Para chegar até "Barbarica", parte dos integrantes originais do grupo se reuniu novamente, acertou suas contas, pois ao que parece houve alguma briga interna entre eles, para então produzirem primeiramente uma releitura de “Zarathustra”, lançada em outubro de 2012 e intitulada, “Zarathustra Live In Studio”, onde novos músicos foram agregados para esta difícil empreitada.

Para este projeto, além de Giancarlo Golzi, Alberto Moreno e Stefano Lupo Galpi, da formação clássica, foram convidados para este primeiro projeto, Andy Senis, Fabio Meggetto, Max Borelli e Sandro Libra.

O resultado deste “ritorno”, em meu conceito, foi altamente positivo, pois “Zarathustra” é uma prova que o rock progressivo está mais vivo do que poderíamos imaginar e seus músicos, tantos os antigos, bem como os novos integrantes, estão totalmente em forma e alinhados com as necessidades que este tipo de música tão complexa exige, abrindo as portas para novos projetos.

Espantosamente, Stefano "Lupo" Galpi, manteve sua belíssima voz preservada, nos permitindo sentir à mesma teatralidade vocal que tanto o caracterizou há quatro décadas.

Logicamente, novos recursos tecnológicos foram agregados a esta releitura, portanto, além dos tradicionais equipamentos analógicos, moderníssimos mellotrons e sintetizadores foram incluídos, bem como, passaram a trabalhar com duas guitarras simultaneamente, encorpando  ainda mais o denso enredo de "Zarathustra".

“Zarathustra” é uma peça definitiva, conceitual ao extremo e como tantas outras, como Supper’s Ready, Close to the Edge, Karn Evil 9 e etc..., tem vida própria, não se admitindo desaforos, onde somente seus criadores poderiam desafia-la da forma como o fizeram, sem macular sua tradição e essência. 

Com este mesmo espírito e formação de músicos, podemos agora adentrar a fantasia de “Barbarica”, que como já havia dito, conseguiu sem muito esforço resgatar um dos momentos mais importantes do rock progressivo Italiano e mundial, contando a história de um mundo que se torna inóspito e consequentemente inabitável, por conta de guerras intermináveis que abalam o meio ambiente, gerando catástrofes naturais, castigando de forma violenta e cruel seus habitantes.

Um personagem, provavelmente o herói desta trama, tem o poder de mudar o trágico destino que se aplaca sobre os sobreviventes deste mundo, pois como é um visionário, consegue prever um futuro distante deste turbulento momento em que vivem.

Com este enredo, “Barbarica”, traz de volta o espírito do rock progressivo italiano em seu melhor momento, com orquestrações grandiosas, associadas à dramática voz de “Lupo” que com tota a naturalidade conseguiu imprimir o peso da nefasta situação que se abateu sobre este mundo fictício.

Este álbum não faz um contraponto com “Zarathustra”, pois aparentemente não houve a intenção de se criar algo realmente novo e conflitante com o passado e ao contrário disso, o que se percebe é a tentativa de se resgatar uma sonoridade que ficou para trás, sem ser saudosista e/ou extravagante, entretanto, mantendo suas principais características estruturais e se permitindo a flertar com outros segmentos do rock progressivo que vieram depois dos anos setenta.

Diante do lastimável cenário musical em que vivemos, é no mínimo um ato de coragem do Museo Rosenbach, em reeditar sua obra máxima, “Zarathustra” e criar uma nova obra conceitual, “Barbarica”, ignorando a existência da acéfala indústria fonográfica, a crítica burra e até mesmo as últimas gerações de jovens que são maciçamente submetidos a consumir uma música totalmente descartável que não dura mais que um verão, pois logo é substituída por outra mais fácil ainda de ser consumida. 

Por conta dos argumentos acima, do próprio Museo Rosenbach e dos dois excelentes álbuns produzidos recentemente pela banda, não resta alternativa senão a de recomendar a todos a audição destas duas peças.

ALTAMENTE RECOMENDADO!!!!

Museo Rosenbach
Stefano Lupo Galifi / vocals
Giancarlo Golzi / drums
Alberto Moreno / piano
Fabio Meggetto / keyboards
Sandro Libra / guitars
Max Borelli / guitars
Andy Senis / bass



Álbuns:

Zarathustra Live In Studio
01. Intro + Dell'eterno ritorno 
02. Degli uomini
 
03. Della natura
 
04. Zarathustra:
 
  a. L'ultimo uomo
 
  b. Il re di ieri
 
  c. Al di la del bene e del male
 
  d. Superuomo
 
  e. Il tempio delle clessidre


Barbarica:
01. Il Respiro Del Pianeta
02. La Coda Del Diavolo
03. Abbandonati
04. Fiore Di Vendetta
05. Il Re Del Circo

LINK

 

1 de set. de 2013

YES - "Cruise To The Edge" - 2013

A resenha anterior a esta, também com o Yes, era o motivo que eu precisava para fazer um link do passado com o tenebroso presente que ronda uma das bandas mais queridas do universo progressivo, basta escutar o bootleg que foi postado e diversos questionamentos vão surgir naturalmente.

A impressão que dá, é que todo artista ou banda que passa a realizar seus shows em navios está chegando perto do fim, vide Roberto Carlos, Roupa Nova e Cia.... aqui no Brasil e agora, pasmem, chegou a vez do Yes, com o seu, “CRUISE OF THE EDGE”, que numa tradução bem tosca e mal intencionada, poderia ficar assim: “Cruzeiro para o abismo”, entretanto, considero mais apropriado e produtivo, tentar encontrar algumas respostas nesta iniciativa.

Não só o Yes, mas outras bandas e nomes importantes da música, como Carl Palmer, Tangerine Dream, Saga, Ambrosia, Nektar, Zebra, Glass Hammer e outros, embarcaram no MSC Poesia, em março deste ano e navegaram entre Georgetown, Grand Cayman, Ocho Rios e Jamaica, apresentando seus shows de rock, ao invés dos tradicionais shows da Broadway que acontecem sempre após o jantar.


A rigor, nada contra esta iniciativa e confesso que se pudesse, gostaria muito de estar lá para assistir todas essas bandas que eu adoro, mas a questão principal é o atual estado do Yes, pois por mais que os músicos se esforcem em fazer o melhor, tanto os originais, quanto as pseudo clones, substitutos de Rick Wakeman e Jon Anderson, fica claro e evidente que a música do Yes sem a magia que lhe é peculiar, não funciona, e com isto, Steve Howe, Alan White e Chris Squire perdem o brilho, a força e até a paixão que tem por sua própria música, pois não há a química necessária para a música ganhar corpo, abrir as asas e decolar para uma viagem.

Benoit David
Que fique muito claro que tanto Geoff Downes como Jon Davison, coitados, não são culpados de absolutamente nada de ruim que possa estar acontecendo com a imagem da banda, alias, são vitimas de uma situação criada pelos membros remanescentes em continuar insistindo em um projeto que não tem lastro e nem sustentação, pois não tem mais alma (Jon Anderson) e perderam sua espinha dorsal (Rick Wakeman), portanto, o que se escuta e para alguns poucos privilegiados, o que se vê, nem de longe se parece com o que foi o Yes e o que ele realmente representa.

Esses dois aí em cima não são as únicas vítimas, pois Benoit David que até fez parte do último álbum de estúdio, “Fly From Here”, foi consumido pela entidade “Yes”, que está acima de qualquer um e é implacável, praticamente acabou com sua bela voz, que foi forçada ao extremo para chegar até onde Jon Anderson naturalmente chegava.

MSC Poesia
Escutando esta gravação, logicamente as músicas não são mal executadas e nem poderia ser diferente, entretanto, elas são executadas burocraticamente para cumprir tabela, digo, partitura, portanto, não tem vida, não tem vibração, não reverberam e consequentemente não empolgam nem quem está escutando uma dessas músicas pela primeira vez, então, para quem acompanha a banda desde seu início, é muito triste o que se escuta.

O objetivo desta resenha não é desmerecer o trabalho ou qualquer músico envolvido neste atual projeto do Yes, pois todos sem exceção são merecedores de todo o nosso carinho e respeito, pois são grandes músicos que ao longo de suas carreiras contribuíram de forma marcante e incontestável, portanto contra fatos, não há argumerntos. 

Entretanto, o objetivo é o de se levantar a questão de quando é a hora de parar com dignidade ou mesmo mudar radicalmente o rumo dos acontecimentos, criando novos conceitos e em decorrência disso, gerar uma nova música, mais atraente e sem o peso de um passado glorioso que realmente cobra um alto tributo por conta disto.

Um ponto importante e que não podemos nos esquecer de que o tempo não para, e em algum momento o peso da idade também cobra seus tributos, então, só por exemplo, aquela mão super ágil dos anos setenta, não responde mais na velocidade que o cérebro exige e para a música do Yes, isto pode causar algum embaraço e desconforto momentâneo que pode botar tudo a perder.

Além disso, tocar incansavelmente as mesmas músicas a pelo menos umas quatro décadas, exige uma disciplina e dose de paciência muito grande e associada a rotina, essa situação pode tornar as coisas um tanto mecânicas e perigosas para uma música tão exigente que é escutada por pessoas não menos exigentes. Pensemos nisto!!!

ALTAMENTE RECOMENDADO!!!!

YES:
Steve Howe: Guitar, vocals
Chris Squire: Bass, harmonica, vocals
Alan White: Drums
Geoff Downes: Keyboards
Jon Davison: Lead vocals

Tracks:
01 Firebird Suite
02 Close To The Edge
03 And You And I
04 Siberian Khatru
05 Yours Is No Disgrace
06 Clap
07 Starship Trooper
08 I've Seen All Good People
09 A Venture
10 Perpetual Change/Roundabout


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